Dia 20 - terça-feira: 2Co 8,1-9; Sl 145(146); Mt 5,43-48.
O trecho do evangelho desse dia é a sexta e última antítese, que dá conteúdo à “justiça maior que a dos escribas e fariseus” requerida dos discípulos de Jesus. O primado do amor e da misericórdia não é uma novidade, mas havia sido esquecido como sendo o centro da Lei que Deus deu a seu povo. O que é exigido como “plus” da vida cristã é de não limitar o amor àqueles que nos fazem o bem ou, então, que já amamos. Trata-se da atitude daquele que, vítima do mal de outrem, permanece fazedor de paz (cf. Mt 5,9), generoso, disposto a perdoar. Pelo amor aos inimigos é que se mostra que o verdadeiro tesouro da pessoa está em Deus e o sustento da vida apoiado nas coisas que não passam; o amor não passa. A vida cristã é um modo de viver a existência humana. Aderir ao evangelho de Jesus Cristo supõe aceitar agir como Deus age e se comportar com a confiança e a serenidade que somente a referência aos bens celestes pode dar. A perfeição de que fala o nosso texto não diz respeito somente à integridade física e moral; ela diz respeito, igualmente, à observância e fidelidade aos mandamentos da Lei de Deus (Sl 119, 1). A passagem paralela de Lucas não fala de perfeição, mas põe o acento sobre a misericórdia de Deus que os discípulos de Jesus devem imitar (Lc 6, 36). Mais propriamente, a “perfeição” consiste em amar como Deus ama, isto é, indistintamente, oferecendo a todos a graça de seus bens.