
Padre Carlos Alberto Contieri, SJ
Dia 29 – Ascensão do Senhor: At 1,1-11; Sl 46(47); Ef 1,17-23; Lc 24,46-53.
A solenidade da ascensão, celebrada quarenta dias depois da Páscoa, conclui a série de manifestações de Jesus ressuscitado. Na oração da coleta desse dia nós rezamos: "Ó Deus, a ascensão do Vosso Filho já é nossa vitória". Celebramos a vitória de Jesus Cristo sobre o mal e todas as suas manifestações e sobre a morte. Dessa vitória todos nós somos herdeiros, pelos méritos de Cristo. Essa vitória de Cristo nos faz compreender que o mal e a morte não têm mais poder, eles foram vencidos pelo Senhor ressuscitado dentre os mortos.
O trecho dos Atos dos Apóstolos, de hoje, é de capital importância para compreender a mensagem da ascensão do Senhor. Ao longo de quarenta dias, depois da ressurreição, o Senhor apareceu aos discípulos e os instruía pelo Espírito Santo. O Senhor continua a estar presente e a falar com os seus, mas agora, não de viva voz e em carne e osso, podemos dizer, mas pelo Espírito Santo (cf. At 1,2). O Espírito Santo torna o Cristo presente aos seus discípulos e as suas palavras atuais. Agora, é através do Espírito Santo que o Senhor continua a revelar o desígnio salvífico de Deus. O relato da ascensão não se oferece ao nosso olhar; trata-se de uma profissão de fé: ressuscitado dos mortos Jesus Cristo foi elevado ao céu onde está sentado à direita do Pai. O relato tem por finalidade ser um apoio para a intelecção da fé e o aprofundamento do mistério da ressurreição. O passivo divino usado para dizer da elevação de Jesus (vv. 9.11) indica que é o Pai quem o elevou. A nuvem que envolve o Ressuscitado (v.9) é, para a tradição bíblica, símbolo da presença de Deus que acompanha o seu povo (cf. Ex 13,22). A nuvem que envolve o Senhor é um modo de dizer que Jesus ressuscitado entra no mistério de Deus, no que é seu, antes da criação do mundo. O dois mensageiros celestes são um apoio para compreender que, agora, com seu corpo glorioso, o Senhor não é encontrado no alto, mas na nossa própria humanidade, em todos os lugares e situações, no cotidiano da existência humana. É pela fé que nós vemos e encontramos o Senhor, em meio às adeversidades da história. Pela fé, a elevação de Jesus Cristo não é sentida como ausência, mas como uma forma de presença.
A ascensão é, para nós cristãos, o momento a partir do qual, ao invés de ficar o olhando o céu, nós devemos cumprir a missão que o Senhor ressuscitado nos confiou, a saber, de sermos testemunhas do seu amor e de sua ressurreição (cf. At 1,8).
O evangelho nos comunica que ao ser elevado à glória celeste, o Senhor nos deixa a sua benção. A existência de Jesus Cristo é nossa benção.