09 de junho | Dia de São José de Anchieta
Conheça um pouco sobre a vida e missão do santo jesuíta que ajudou a escrever o Brasil
9 de jun. de 2023
José de Anchieta nasceu no dia 19 de março de 1534, em San Cristóbal de la Laguna, Tenerife (Ilhas Canárias). Era filho de Juan de Anchieta (basco) e Mencía Díaz de Clavijo y Llarena (castelhana) e o terceiro de 12 filhos.
Desde a infância, José demonstrava grande facilidade de aprendizagem, principalmente no que diz respeito ao estudo de línguas. Sua prosperidade nos estudos já indicava uma inclinação ao Ensino Superior.
Neste contexto que Juan de Anchieta enviou José para Portugal, a fim de cursar Humanidades na Universidade de Coimbra, onde matriculou-se aos 14 anos de idade. Na Universidade, José pôde conviver com alguns membros da recente ordem religiosa fundada pelo seu parente Inácio de Loyola: a Companhia de Jesus.
Cópias das cartas dos primeiros missionários jesuítas circulavam pela universidade e José, impactado pelas notícias, despertou interesse pela vida religiosa. Assim, aos 17 anos de idade, entrou para o noviciado da Companhia de Jesus em Coimbra. Durante seus anos de noviciado, uma doença acometeu José, provocando o deslocamento de sua espinha dorsal e causando dores que o acompanhariam por toda a sua vida. No entanto, José manteve-se exemplar em virtude e dedicação.
Já preparava-se a expedição que traria ao Brasil o segundo Governador Geral, D. Duarte da Costa quando José foi escolhido para integrar o terceiro grupo de missionários que partiria com a expedição para o Brasil. Chegaram em Salvador em 13 de julho de 1553.
Desde sua chegada, Anchieta dedicou-se ao estudo da língua indígena e após três meses Anchieta foi destinado pelo P. Manuel da Nóbrega – chefe da missão jesuíta no Brasil – para a Capitania de São Vicente onde, em 25 de janeiro de 1554, participou da fundação do Colégio de São Paulo de Piratininga.
Neste colégio, Anchieta dedicou-se ao ensino de latim para os futuros sacerdotes e ao ensino das primeiras letras e da doutrina cristã para os índios. Em pouco tempo, pôde reconhecer a língua e escrever a ‘Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil’, obra que serviu de manual para todos os missionários na América portuguesa.
Para além da gramática, José de Anchieta foi responsável por uma vasta produção literária que inclui textos para evangelização, cartas, relatos históricos, peças teatrais, poesias e poemas, sendo uma das mais famosas obras o seu “Poema à Virgem”, com mais de cinco mil versos, escrito durante a Confederação dos Tamoios, quando Anchieta foi mantido refém no conflito entre índios e colonos.
Além do trabalho intelectual e espiritual, Anchieta também atuava na produção de roupas e alpargatas, além da função de boticário, atuando no tratamento médico da população local. Assim, Anchieta soube somar os saberes europeus e nativos.
Anchieta foi ordenado sacerdote em 1566 e nomeado para o governo das casas da Capitania de São Vicente entre 1567 e 1577, período em que trabalhou em missões pelo litoral e interior de capitania. Para além desta capitania, Anchieta fundou em 1569 a povoação de Reritiba (atual Anchieta, no Espírito Santo) e dirigiu o colégio dos jesuítas no Rio de Janeiro entre 1570 e 1573.
Em 1577, Anchieta foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus do Brasil, função que exerceu por dez anos. Por debilidade de sua saúde, Anchieta pediu a dispensa do cargo de Provincial e foi para Vitória, onde dirigiu o colégio dos jesuítas até 1595. Finalmente, retirou-se para Reritiba, onde faleceu no dia 09 de junho de 1597.
Desde seus tempos de noviço, Anchieta já contraíra fama de santo, sendo-lhe atribuídos diversos milagres. Além disso, a grande ação evangelizadora, a defesa dos índios em relação aos abusos cometidos pelos colonos, o trabalho de cuidado com os doentes e a imensa ação educativa promovida por Anchieta, fizeram com que ainda em vida fosse motivo de devoção. Quando da sua morte, seu corpo foi levado para Vitória, onde foi enterrado. Após a exumação, seus restos mortais foram trasladados para a Catedral de Salvador na Bahia e um fêmur permaneceu exposto na igreja de Vitória, sendo transferido para Roma em 1610.
Em 1759, os jesuítas foram expulsos do Brasil e os restos mortais de Anchieta foram enviados à Portugal. O baú de jacarandá que continha os ossos e o manto de José de Anchieta só foram encontrados em 1964, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Após uma intensa campanha dos jesuítas do Brasil e do Governo de São Paulo, o referido baú com os ossos e o manto de Anchieta foi transferido para o Brasil e as relíquias passaram a ser preservadas no Pateo do Collegio. Após a beatificação em 1980, a Igreja do Pateo do Collegio passou a ser dedicada ao então beato José de Anchieta.
Em 2014, Anchieta foi oficialmente declarado santo pelo Papa Francisco em cerimônia no Vaticano e, devido ao importante trabalho realizado em nossas terras, Anchieta foi declarado Apóstolo do Brasil.